Exumações em Aguilar de la Fontera (III)
(com video)
Córdoba, 24 julho 2010

Jorge Cepillo, um dos técnicos da AREMEHISA (Associação para a Recuperação da Memória Histórica de Aguilar de la Frontera) trabalha nas escavações do cemitério de Aguilar de la Frontera, na província de Córdoba, iniciadas a 3 de maio de 2010, onde foram localizados 47 esqueletos, dos quais 35 já foram recuperados das valas comuns.
O arqueólogo considera “um contra-senso que não exista uma normativa de âmbito nacional” aplicável “a todas as intervenções” e destaca que, no caso das exumações de Aguilar de la Frontera, o protocolo de atuação, aprovado pela Junta da Andaluzia em setembro de 2009, “não seja aplicável, porque o subsidio foi concedido pelo Ministério da Presidência”.
Cepillo exemplifica dizendo que o Comissariado para a Memoria Histórica da Junta da Andaluzia “não exige que se cumpra o protocolo, a não ser que dê um subsídio”, e que “se deram casos em que não se aplicou o devido rigor cientifico, nem se consultou os familiares” das vítimas.
video
No caso de Aguilar de la Frontera, o arqueólogo afirma que “a intervenção está a ser realizada com parâmetros científicos e provas periciais que, no futuro, poderão ser utilizadas como provas” de que em Espanha se cometeram crimes contra a humanidade.
No entanto, Jorge Cepillo pensa que o país “teria que mudar muito para que se abrisse uma causa judicial” sobre os crimes do franquismo. Referindo-se à investigação que afastou o juiz Baltasar Garzón da Audiência Nacional, diz que “a justiça não desempenhou o papel desejado pelos cidadãos”.
Cepillo, neto de uma vitima da repressão, salienta que “o objetivo principal [destas intervenções] é ressarcir os familiares das vitimas”, mas defende que “crimes desta magnitude não podem ficar impunes e praticamente ausentes dos livros de história”.
Por essa razão considera que “é um tema que devia ser assumido pelo Estado” e “não devia ter sido deixado nas mãos dos familiares, que só querem a reparação”. Nessa linha de pensamento, defende que “as associações de memória histórica não se podem converter em empresas que gerem dinheiro para se auto-dignificarem a si mesmas”.
Bruno Rascão, para a Agência Lusa
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo ortográfico ***
No hay comentarios:
Publicar un comentario